Lugares e Toponimia




Aldeia do Vau

Orago: Nossa Senhora da Piedade

População: 950 habitantes

Atividades económicas: Agricultura e pesca

Festas e romarias: Nossa Senhora da Piedade (18 de Dezembro). Nossa Senhora do Bom Sucesso (domingo após 15 de Agosto) e festa tradicional anual Bom Verão (8 dias a seguir à Páscoa)

Património Cultural Edificado: Igreja matriz, Capela Nossa Senhora do Bom Sucesso, Quinta do Bom Sucesso, fontenário, casas tradicionais e moinhos de vento

Outros locais de interesse turístico: Lagoa de Óbidos e matas e praia do Bom sucesso

Gastronomia: Caldeirada de enguias, pão de milho e vinho branco maduro

Artesanato: Garricho

Coletividades: Associação Recreativa e Cultural Vauense

Situada na margem esquerda do Rio Real, a freguesia do Vau, com a sua área de 32,9Km², é a mais extensa do concelho. Os seus limites territoriais tocam os das freguseias da Amoreira, Santa Maria e Sobral da Lagoa. No seu extremo poente confina com o Oceano Atlântico e a norte com a muito celebrada Lagoa de Óbidos.
Desde muito cedo que a Lagoa povoou o imaginário dos habitantes de Vau, não só pela sua formosura, que a todos encantou mas pelas potencialidades económicas que ela tinha para lhes oferecer.
Aos estranhos coloridos e cambiantes, capazes de fascinar e embriagar os sentidos, juntava-se uma grande riqueza de variadas espécies de peixes, mariscos e o limo com que fertilizavam as suas terras. Por isso, durante muito tempo se disse que a Lagoa dava carne, pão e vinho.
Esta vasta toalha de água foi em tempos remotos muito mais extensa, tendo chegado a banhar o sopé da colina onde assenta Óbidos. Para além de uma área central, a lagoa estende-se por braços, o da Barrosa e o do Bom Sucesso. Aproveitando os vales de alguns ribeiros que nela desaguam. Passando pela extremidade do braço do Bom Sucesso, chega-se ao sítio da Cabana, onde se banquetearam muitos reis de Portugal.
Aí, no desaparecimento do Casal das Cabanas, uma série de padrões comemorava o facto de tão ilustres personagens terem-se deslocado a estas paragens. Num deles lia-se: “ O Sereníssimo e Feliz Restaurador deste Reino, El Rei D. João IV jantou nesta Cabana em quatorze de Setembro de 1645”. Também ali estiveram D. João V em 1714, D. José em 1761, D. Maria em 1782 e D. Pedro V em 1860.
Ramalho Ortigão disse um dia que “à Lagoa de Óbidos não falta senão uma cintura de jardins e de habitações de luxo para ser tão bela como alguns lagos célebres do norte de Itália”.

As origens da freguesia não estão totalmente esclarecidas a começar pelo seu topónimo. Vários autores radicam-na no próprio significado da palavra Vau e numas várzeas alagadas junto à quinta da Luz por onde só se podia “passar a vau”. Outros, como nos diz Dário Lopes no seu trabalho sobre o Vau “ são da opinião ter o nome derivado da palavra latina vudu, aqui relativo ao leito seco da Lagoa, reduzida ao que agora lhe fica a norte, posto a descoberto pelo efeito da sedimentação, talvez anterior à Nacionalidade, o que se enquadraria com os vestígios da romanização da região de Óbidos”
Da mesma forma, divergem as opiniões sobre o nascimento da povoação. É perfeitamente possível que remonte à época em que D. Afonso Henriques repovoou Óbidos, começando a surgir pequenos casais nas terras de Vau que iriam constituir um aglomerado populacional. O anónimo autor de “Vau de Óbidos” relaciona mesmo com o nosso primeiro monarca o aparecimento do nome de alguns casais e sítios como “ Adegas de El-Rei”, “Ferraria”, “Bicada da Moira” e Cativa”. Também nos diz aquilo que faz parte da lenda, ter sido o primeiro morador de Vau, um irmão de Frei António de Barros”, frade do Convento de Jerónimos de Vale Benfeito.

O que parece ser inegável, é o crescimento e desenvolvimento de Vau, estar intimamente ligado à chegada dos monges em 1548 e posterior colonização agrícola por eles encetada. A fertilidade dos campos desta freguesia e a facilidade de caçar e pescar terão contribuído para uma rápida expansão. Construíu-se a pequena ermida dedicada a Santo António, o primeiro padroeiro da povoação, mais tarde substituída por uma outra sob a invocação de Nossa Senhora da Piedade. Em 1947, já esta pequena capela tinha dado lugar à igreja de Vau, o que indicia um considerável aumento da comunidade que sentiu necessidade de um novo templo.
Estava próxima a constituição da freguesia de Vau, o que viria a suceder em 1749, depois de a povoação ter sido desmembrada da de Amoreira. Anteriormente ainda pertenceu à freguesia de
S. João do Mocharro, situada fora dos muros de Óbidos.
Com o terramoto de 1755 a igreja de Vau ficou parcialmente destruída. A reconstrução era premente, só que apesar da boa vontade dos paroquianos o dinheiro angariado não era suficiente. Foi o problema desbloqueado com o recurso às boas graças do infante D. Pedro, juiz perpétuo da igreja, do qual se conseguiu a quantia de “12 mil réis anuais” acrescidos dos retroativos dos doze anos em que não lho haviam solicitado.

No ano de 1782 aconteceria um facto de grande importância para a vida da comunidade. A sul da Lagoa existe um paúl denominado Poça de Albufeira, desde sempre rico em aves aquáticas para além da abundância de peixes. Estes atributos e as ótimas pastagens em redor despertavam a cobiça de muita gente poderosa, como D. Theodora de Mendonça que em 1780 pretendeu através de aforamento tomar o Paul. Sabendo D. Maria I do facto e, como recompensa aos habitantes de Vau que tinham salvo D. Pedro de morrer afogado, fez-lhes mercê definitiva do Paúl emitindo um alvará.

A entrada no século XIX seria nefasta para a história de Vau. Com as invasões francesas e nomeadamente após 1810, teria início um grande retrocesso na vida deste laborioso povo. Os saques, as perseguições, o terror e a incerteza, iriam abalar fortemente as suas estruturas e tardando a se recompor, esta população assistia em 1879 à anexação da sua freguesia à de Sobral.
A freguesia de Vau, tendo conhecido a sua autonomia, administrativa, 90 anos antes de Sobral, via-se então relegada à condição de simples lugar desta. Levantaram-se as vozes e os protestos e pouco duraria essa supremacia. Assim, em 1887, é o Vau novamente reconduzido ao seu verdadeiro lugar e do qual nunca deveria ter saído.




Bom Sucesso

A Lagoa de Óbidos localiza-se nos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos, na região Oeste de Portugal.

Situa-se numa depressão pouco profunda, de contornos irregulares e muito instáveis junto ao mar, cuja barreira natural de separação do ambiente marinho é formada por um cordão de dunas litorais.

A sua ligação ao mar é feita através de um canal de largura e posicionamento variável, localmente designado por "aberta". Por vezes, este local de transição fecha, sendo necessário recorrer a intervenções com o objectivo de manter a barra aberta.

É um sistema lagunar de enorme importância ecológica.

A Lagoa de Óbidos é o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa Portuguesa. Possui uma área total aproximada de 6.9 km2 e uma profundidade média de dois metros, com cotas que vão desde o meio metro aos cinco metros.

Estende-se para montante essencialmente por dois canais, para Oeste pelo Braço do Bom Sucesso, e para Este pelo Braço da Barrosa.

A Lagoa de Óbidos faz fronteira terrestre com o concelho das Caldas da Rainha a Norte (freguesias da Foz do Arelho e Nadadouro) e com o concelho de Óbidos a Sul (freguesias de Vau e Santa Maria).

Do lado do Sul encontra-se a Poça do Vau e do lado Oeste está ligada à Poça das Ferrarias. Apresenta um comprimento máximo de 6 km e uma largura que oscila entre 1 e 1,5 km, com uma orientação preferencial NW-SW. No entanto, esta configuração tende a oscilar consideravelmente, sendo uma consequência directa dos sedimentos empurrados pelo mar para o interior da lagoa.

Segundo relatos antigos, a Lagoa era muito mais extensa, alcançando o sopé da colina onde hoje se ergue a Vila de Óbidos, banhando os muros do castelo do lado Poente.

De uma forma natural, a Lagoa de Óbidos, tal como as lagoas costeiras, a médio ou longo prazo, transformar-se-iam em pântanos se o seu regime sedimentar se mantivesse. No entanto, a intervenção humana acelera o processo de assoreamento através das constantes alterações que provoca nas bacias hidrográficas que conduzem a uma maior produção de sedimento. Por outro lado, a população tenta inverter a situação ao intervir através de dragagens efectuadas com o objectivo de aumentar a profundidade do sistema, prolongando, deste modo, a vida destes meios aquáticos.

Fauna e Avifauna na Lagoa de Óbidos
A sua fauna é constituída por espécies piscícolas como o robalo, o linguado, a solha, o rodovalho, a dourada, a choupa, a tainha, e ainda outras espécies como a amêijoa, o berbigão, o mexilhão, o camarão, o polvo, a enguia, e o caranguejo verde, entre outros.

A comunidade avifaunística é o grupo que, ao nível da fauna, representa o papel ecológico mais relevante no ecossistema. Foram identificadas espécies, entre outras, a garça real, pato-real, ostraceiro, perna longa, maçarico real, garajau, garça boieira, garça-branca-pequena, gaivinha de bico preto.

Apanha de Moluscos Bivalves
A pesca e a apanha de molusco constituem as principais actividades económicas relacionadas com a Lagoa de Óbidos e, como tal, encontram-se inteiramente dependentes deste meio lagunar. A actividade piscatória, embora menos relevante que outrora, apresenta importância como vector económico desta região. A apanha de moluscos bivalves continua a merecer um lugar de destaque na economia das populações locais de mariscadores.

A Bateira
A Bateira é o barco típico utilizado quer pelos pescadores, quer pelos mariscadores, na Lagoa de Óbidos.

São caracterizadas por serem embarcações de convés aberto. Antigamente eram muito utilizadas para a apanha de limo. Actualmente as bateiras já podem ter dois motores (operam a gasolina) um principal e outro auxiliar que pode ser utilizado em caso de avaria. Para manutenção das bateiras, o que acontece de dois em dois anos, as bateiras são imersas em água quando estas se encontram ressequidas, para depois serem pintadas.

As Embarcações a Pedal
Durante a época balnear, junto ao cais da Foz do Arelho, podem ser alugadas embarcações a pedal para passear pela Lagoa de Óbidos, vulgarmente conhecidas como “gaivotas”.

Actividades Lúdicas
Na Lagoa de Óbidos são praticadas as seguintes actividades aquáticas desportivas ao longo de todo o ano, nomeadamente: Vela; Windsurf; Canoagem; Remo; Kiteboard; Jetski, Ski náutico e Stand Up Paddle.

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